terça-feira, 7 de junho de 2011

Alguém...

Alguém não sabe mais (quase) nada sobre mim.
Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática, e sem aquela necessidade toda de ser amada.
Alguém não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.
Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.
Alguém não sabe (...) mas conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranquilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Alguém nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.
Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.
Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.
Que aqui faz tanto frio, alguém não sabe por mim.
Alguém não sabe (...) que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.
Alguém não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.
Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e alguém não sabe sobre nada disso.
Alguém não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha.
Alguém não sabe que desde que não compartilhamos mais (quase) nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: alguém nem imagina que foi alguém quem me ensinou esta alegria.

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