quinta-feira, 9 de junho de 2011

Encontros e desencontros

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa, a minha imaginação, por mais longos que sejam seus braços, não alcança o verdadeiro propósito que move a minha existência, esse que às vezes intuo, mas, de verdade, não sei. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Alguém...

Alguém não sabe mais (quase) nada sobre mim.
Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática, e sem aquela necessidade toda de ser amada.
Alguém não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.
Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.
Alguém não sabe (...) mas conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranquilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Alguém nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.
Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.
Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.
Que aqui faz tanto frio, alguém não sabe por mim.
Alguém não sabe (...) que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.
Alguém não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.
Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e alguém não sabe sobre nada disso.
Alguém não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha.
Alguém não sabe que desde que não compartilhamos mais (quase) nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: alguém nem imagina que foi alguém quem me ensinou esta alegria.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Reflexão

Ultimamente a pergunta que mais tenho ouvido é: o que aconteceu contigo?
Bom, o que aconteceu comigo é uma coisa que já aconteceu com muita gente e que ainda vai atingir milhares e milhares de pessoas: amadurecimento.
Não, eu não deixei de ser palhaça, eu não deixei de falar besteira, eu ainda gosto de filmes e de livros, mas já não gosto de muitas outras coisas.
Hoje eu troco uma comemoração pelo conforto do meu cafofo ou a tranquilidade em frente ao computador, acho bem mais válido.
Eu ainda gosto de viajar com meus amigos mas em certos dias prefiro sair sozinha, continuo sem frescuras mas nem sempre falo o que penso, já não sou tão sonhadora, não espero nada dos outros, e sim de mim.
O meu lado "desconfiada" aflorou imensamente, o que pode ser bastante prejudicial mas para mim é uma forma de proteção.
Por mais que palavras nos encantem e nos toquem profundamente, com o passar dos dias eu tenho cada vez mais certeza que as atitudes são bem mais valiosas.

domingo, 5 de junho de 2011

Sentimentos que pulsam

É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado.
É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado.
Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja.
Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro.
Difícil é amar quem não está se amando.
Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.




PS: Eu me recuso a amputar meus sentimentos. Eu nasci para sentir com todos os meus membros.